28 de abr. de 2023

2023 MARÇO - Prof.ª MAGDA - 4º ANO C - MOMENTO COLETIVO 13 03 23 - TEATRO - A MENINA E O PÁSSARO ENCANTADO

 

MOMENTO COLETIVO

TEATRO

A MENINA E O PÁSSARO ENCANTADO

ALUNOS DO 4º ANO C
PROFª MAGDA


A MENINA E O PÁSSARO ENCANTADO





Era uma vez uma menina que tinha um pássaro como seu melhor amigo.

Ele era um pássaro diferente de todos os demais: era encantado.

Os pássaros comuns, se a porta da gaiola ficar aberta, vão-se embora para nunca mais voltar. Mas o pássaro da menina voava livre, e vinha quando sentia saudades…




As suas penas também eram diferentes. Mudavam de cor. Eram sempre pintadas pelas cores dos lugares estranhos e longínquos por onde voava.



Certa vez voltou totalmente branco, cauda enorme de plumas fofas como o algodão…



— Menina, eu venho das montanhas frias e cobertas de neve, tudo maravilhosamente branco e puro, brilhando sob a luz da lua, nada se ouvindo a não ser o barulho do vento que faz estalar o gelo que cobre os galhos das árvores.

Trouxe, nas minhas penas, um pouco do encanto que vi, como presente para ti…

E, assim, ele começava a cantar as canções e as histórias

daquele mundo que a menina nunca vira.



Até que ela adormecia, e sonhava que voava nas asas do pássaro.




Outra vez voltou vermelho como o fogo, penacho dourado na cabeça.

— Venho de uma terra queimada pela seca, terra quente e sem água, onde os grandes, os pequenos e os bichos sofrem a tristeza do sol que não se apaga. As minhas penas ficaram como aquele sol, e eu trago as canções tristes daqueles que gostariam de ouvir o barulho das cachoeiras e ver a beleza dos campos verdes.

E de novo começavam as histórias.


A menina amava aquele pássaro e podia ouvi-lo sem parar, dia após dia.

E o pássaro amava a menina, e por isto voltava sempre.

Mas chegava a hora da tristeza.

— Tenho de ir — ele dizia.

— Por favor, não vás. Fico tão triste. Terei saudades. E vou chorar…

— E a menina fazia beicinho…

— Eu também terei saudades — dizia o pássaro. — Eu também vou chorar.

Mas vou contar-te um segredo: as plantas precisam da água, nós precisamos do ar, os peixes precisam dos rios… E o meu encanto precisa da saudade.

É aquela tristeza, na espera de regresso, que faz com que as minhas penas fiquem bonitas. Se eu não for não haverá saudade. Eu deixarei de ser um pássaro encantado.

E tu deixarás de me amar.


Assim, ele partiu. A menina, sozinha, chorava à noite de tristeza, imaginando se o pássaro voltaria. E foi numa dessas noites que ela teve uma ideia malvada: “Se eu o prender numa gaiola, ele nunca mais partirá. Será meu para sempre.

Não mais terei saudades. E ficarei feliz…”



Com estes pensamentos, comprou uma linda gaiola, de prata, própria para um pássaro que se ama muito. E ficou à espera. Ele chegou finalmente, maravilhoso nas suas novas cores, com histórias diferentes para contar. Cansado da viagem, adormeceu. Foi então que a menina, cuidadosamente, para que ele não acordasse, o prendeu na gaiola, para que ele nunca mais a abandonasse. E adormeceu feliz.

Acordou de madrugada, com um gemido do pássaro…

— Ah! menina… O que é que fizeste? Quebrou-se o encanto. As minhas penas ficarão feias e eu esquecer-me-ei das histórias… Sem a saudade, o amor irá embora…

A menina não acreditou. Pensou que ele acabaria por se acostumar. Mas não foi isto que aconteceu. O tempo ia passando, e o pássaro ficando diferente. Caíram as plumas e o penacho. Os vermelhos, os verdes e os azuis das penas transformaram-se num cinzento triste. E veio o silêncio: deixou de cantar.

Também a menina se entristeceu. Não, aquele não era o pássaro que ela amava. E de noite ela chorava, pensando naquilo que havia feito ao seu amigo…

Até que não aguentou mais.


Abriu a porta da gaiola.

— Podes ir, pássaro. Volta quando quiseres…

— Obrigado, menina. Tenho de partir. E preciso de partir para que a saudade chegue e eu tenha vontade de voltar. Longe, na saudade, muitas coisas boas começam a crescer dentro de nós. Sempre que ficares com saudade eu ficarei mais bonito.


Sempre que eu ficar com saudade, tu ficarás mais bonita. E te enfeitarás, para me esperar…


E partiu. Voou que voou, para lugares distantes. A menina contava os dias, e a cada dia que passava a saudade crescia.

— Que bom — pensava ela — o meu pássaro está a ficar encantado de novo…

E ela ia ao guarda-roupa, escolher os vestidos, e penteava os

cabelos e colocava uma flor na jarra.



— Nunca se sabe. Pode ser que ele volte hoje…


Sem que ela se apercebesse, o mundo inteiro foi ficando encantado, como o pássaro. Porque ele deveria estar a voar de qualquer lado e de qualquer lado haveria de voltar. Ah!


Mundo maravilhoso, que guarda em algum lugar secreto o pássaro encantado que se ama…



E foi assim que ela, cada noite ia para a cama, triste de saudade, mas feliz com o pensamento: “Quem sabe se ele voltará amanhã….”

E assim dormia e sonhava com a alegria do reencontro.



Rubem Alves

As mais belas histórias de Rubem Alves

Lisboa, Edições Asa, 2003

Texto adaptado

Texto: https://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/756870

Ilustrações: http://recortandoascenasdavida.blogspot.com/2015/05/a-menina-e-o-passaro-encantado.html




https://www.youtube.com/watch?v=P65jNtHNgz0

Abertura






























https://www.youtube.com/watch?v=VHspHcvHjSs

 
VOCÊS FIZERAM UMA APRESENTAÇÃO MARAVILHOSA!!!
PARABÉNS PELO EMPENHO, TRABALHO E DEDICAÇÃO!

AMEI ESSE TRABALHO!!
CONTINUEM ASSIM!!!!
GRANDE BEIJO!

PRODUÇÃO
PROFª ANINHA

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